quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A Supressão do Humano e a Desmilitarização das PMs

A Supressão do Humano e a Desmilitarização das PMs
Cap QOPM Passos - PMCE

A formação militar é uma formação sui generis, principalmente no que tange aos policiais militares. Somos não apenas "formados", mas adestrados, sobretudo a não pensar e somente obedecer.

Porém o cerne da questão ainda não é esse; é sabermos porque dentre os vários paises do Globo, somos um dos três que ainda remanescem com esse tipo de formação(uma policia militarizada e de ciclo incompleto).

O processo de construção das polícias modernas nasceu a partir da guarnição de portos, onde se retirou milicias formadas a partir dos próprios saqueadores que passaram a guarnecer os portos em nome do Estado(Michel Focaut). Mas há um detalhe que todos esquecem, tal a astúcia da burguesia da época. Esses homens tinham que parecer diferentes, afinal representavam a vontade do Estado Burguês. Era preciso fardá-los, a fim de parececem de uma outra classe social( e portanto, "superiores"). E a proximar sua formação à das Forças Armadas, para que em nome de um código militar pudessem ser castrados e jamais se rebelarem contra a Administração Portuária, e por via de consequencia, contra o próprio Estado Burguês(lógica positivista da ordem e do progresso, onde ordem significa manutenção do status quo vigente).

Quando hoje se fala em desmilitarização, os políticos, a serviço de uma elite dominadora, não estão interessados no bem comum, e sim na repercussão de um sindicato formado por esta categoria, e em não ter mais o cabresto que os mantém como "cães de guerra" a serviço da governança do momento. É claro que se formos analisar cientificamente o problema, saberemos intuir que militarismo é beligerância, é formação voltada para a guerra: isolar, conter e exterminar o inimigo. E isso não é condizente com o serviço prestado pelas policias militares.

A introspecção de valores humanos e de outrina de polícia comunitária(onda do momento) é contraditória a um adestramento castrense ou castrante, pois este suprime do própiro agente o espírito crítico e libertário, a capacidade de se sentir humano, igual aos demais, numa perspectiva de valoração de sua subjetividade. Então, como um PM/BM vai promover direitos humanos em meio a uma supressão e castração de sua própria condição humana, de sua própria identidade. Se é ele(PM) incapaz de pensar, afinal ele tem é que obedecer; se é incapaz de manifestar seu pensamento, afinal o militar não pensa, ele executa; se é ele incapaz de sentir,pois não é pra sentir, ele tem que agir.

Eis o cerne da questão, através de nossa formação somos dessubjetivados, ou numa linguagem marxiana, coisificados, para atender a um dos pressupostos fundamentais da dominação.

Não somos uma polícia da sociedade, e sim do Estado. E por que? Porque assim não somos, pois o Estado como um Ente abstrato nos coisifica e nos domina.

Hoje, graça a Deus, o Secretário Nacional da Segurança Pública, Ricardo Barestreli, tem esse pensamento de vanguarda, aliás já atrasado. E carreados por essas autoridades é que nós estamos mudando, porque ao longo dos anos fomos incapazes de mudar a partir de dentro, de enxergar o nosso próprio erro histórico, a partir de nossa formatação moderna. Afinal não podiamos pensar.

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