"Escuta, Deus! Jamais falei contigo.
Sabes, disseram-me que tu não existias,
e eu, tolo, acreditei que era verdade.
Nunca havia reparado bem na tua obra, no mundo.
Mas, hoje, nesta noite de Natal,
desta trincheira rasgada por granadas,
vi teu céu estrelado.
Talvez, mesmo aquela estrela que indicou aos pastores
Tua presença na gruta de Belém.
E compreendi, então, que me tinham enganado!
Não sei se apertarás a minha mão;
ela é tão manchada.
Vou explicar e hás-de me compreender.
É engraçado!
Neste inferno hediondo,
achei a tua luz e pude enxergar teu rosto.
Bem, tenho que ir,
faremos um ataque à meia-noite.
Vai ser cruenta a luta
mas, Deus, não sinto medo,
pois sei que Tu velas por mim.
Tu bem sabes, pode ser que ainda esta noite
eu vá bater à tua porta.
Não somos muito amigos, é verdade,
mas, sim, Deus, estou a chorar!
Vês, não sou tão mau assim!
O clarim está a soar.
Logo encontrarei irmãos meus,
que por um terrível absurdo terei de combater.
Deus, protege-me!
E protege-os também a eles."
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